Quando Renato Portaluppi anunciou, na sexta-feira, que Vilson havia ganho a disputa pela titularidade com Adilson, imaginei que o zagueiro improvisado no meio-campo seguiria atuando como primeiro volante. Assim havia sido nas rodadas anteriores: Vilson como primeiro vértice do losango gremista.
Mas a volta de Rochemback significou um posicionamento diferente para Vilson. Na vitória de 2 a 1 sobre o Cruzeiro, na tarde deste domingo, o capitão da equipe retornou de lesão como o primeiro volante. Vilson passou para o lado direito, ainda como jogador de marcação, mas um pouco à frente. Lúcio ‘desalinha’ o losango com posicionamento pela esquerda, adiantado, e Douglas fecha na ponta-de-lança, o vértice mais adiantado.
Acreditei que Vilson seria o primeiro volante, com Rochemback mais à direita, baseado em declarações do próprio Renato. Segundo o treinador gremista, o zagueiro torna-se um ‘líbero à frente da zaga’, e apronfundando o posicionamento auxilia também na bola aérea defensiva.
Neste 4-4-2 com losango assimétrico, Rochemback teve de marcar Montillo. O Cruzeiro, em sistema tático idêntico – apesar da estratégia um pouco diferente (movimentação e características diferentes dos atletas) provocou um espelhamento no meio-campo: Rochemback om Montillo, Vilson com Fabrício, Lúcio com Henrique, e Douglas com Marquinhos Paraná.
Esta ordem de embates deu vantagem ao Cruzeiro, principalmente no segundo tempo. Rochemback voltava de lesão, foram 15 dias sem jogar. De início, conseguiu perseguir o enganche argentino, combater, recuperar e travar. Mas na etapa final Montillo seguiu se movimentando, e Rochemback não conseguia mais acompanhá-lo. Para piorar a situação tricolor, o Cruzeiro permitia ao Grêmio fazer a saída com Vilson pela direita – sem tanta qualidade quanto Rochemback, devolvendo a bola ao adversário. Que ocupou o campo do Grêmio, adiantando o posicionamento – posse de bola ofensiva, e sem ela marcação agressiva.
Mas outros acertos do Grêmio de Renato compensaram a arriscada marcação a Montillo. Gilson na lateral-esquerda em lugar de Fábio Santos no segundo tempo; e Júnior Viçosa substituindo o lesionado André Lima.
Com Viçosa, Gabriel ganhou companhia. Sem ser um centrovante de referência, o camisa 9 saía do meio (onde disputava a ligação direta de Victor, Paulão ou Vilson) para a direita, chamando o lateral às tabelas curtas e às combinações. E com Gilson, Lúcio enfim assistiu à passagem de um lateral-esquerdo, também contando com um companheiro nas trocas de passes. Não deveria sair do time.
Viçosa-Gabriel e Lúcio-Gilson foram as válvulas de escape do Grêmio à dominação territorial cruzeirense. Defendendo-se, com posse de bola reduzida e posicionamento mais recuado, o Grêmio tinha duas alternativas para Douglas e Rochemback no passe preciso, quando encontravam espaços na armação.
Tudo indica que Rochemback será o primeiro volante, e enquanto Adilson estiver na preparação física, Vilson permanecerá ocupando a faixa direita do losango. Mas seria prudente ao menos testar nos treinos a inversão, reconstituindo Vilson na proteção aos zagueiros, e dando um pouco mais de campo para Rochemback fazer o primeiro passe até Douglas, Lúcio, atacantes ou laterais.
Ainda assim, foi um grande jogo do Grêmio. Renato, na média, saiu-se muito bem em suas escolhas. Os jogadores contribuiram com muita aplicação para correr atrás de uma equipe tecnicamente melhor, conquistando a vitória de virada.
Sabe muito!
Ainda vou ver esse blog dentro do Globoesporte.com fazendo muito sucesso.
Grande abraço
Bela análise, Cecconi.
Acredito que o Renato não quis botar o Rochemback na direita pela sua falta de velocidade. E além disso, o capitão gremista vinha sem ritmo de jogo, iria cansar rapidamente.
Não gostei muito da atuação do Vilson pela direita, mas, acho que no GREnal, o Adílson deve voltar.
Aí vai sobrar para alguém desse time titular: Vilson, R. Marques ou Paulão. Um desses, vai sair para a volta do Alemão.
Pingback: Jogo típico de Grêmio | Grêmio, meu bom amigo.
Renato esta surpreendente no comando do Grêmio, estou gostando de ver.
Olha que perigo!!! Vou discordar do mestre!
Contra o Cruzeiro, vi muito mais um Grêmio com meio campo em quadrado, com Douglas mais à direita e Rochemback e Vilson centralizados, com o segundo saindo mais, do que o habitual losango dos últimos jogos.
E acho que por essa sensível mudança o Grêmio perdeu muitas vezes o meio-campo para o Cruzeiro, pois ficou um vão entre Douglas e Gabriel.
Mas concordo contigo quanto ao Gilson, não pode sair do time. Ele na esquerda contribui para que o Grêmio fique uma equipe veloz, o que não é há anos! A entrada do Lúcio no lado esquerdo do meio, claro, é fator definitivo para isso.
Cecconi,
Belíssima leitura do jogo. Pessoalmente, prefiro o Grêmio à inglesa, em um 4-4-2 de duas linhas de quatro homens, sem essa de primeiro ou segundo volante, onde, quando um volante vai, o outro fica e vice-versa.
Quando há um enganche, o losango é mais adequado. Porém, é uma faca de dois gumes: arrisca mais no ataque, mas deixa a defesa normalmente menos protegida.
Agora, sob qualquer circunstância, só há dois técnicos capazes de formar um 3-5-2 mais equilibrado e mais eficiente, embora normalmente pouco atraente: Tite e Muricy Ramalho.
Fora isso, sou pelo 4-4-2 em duas linhas – salvo quando houver o enganche.
[]’s,
Hélio
Eu vi um losango mesmo, e gosto dessa tática, mas para mim, o primeiro volante precisa ser um bruto porrador huahua Salve excessões.
Vilson devia ocupar aquela faixa de campo, mas acho que Renato escolheu sabiamente o Roca para aquela posição, Vilson, com toda sua instabilidade, teria feito faltas excessivas no Montillo, seria perigoso, cedendo outro para sua marcação e botando um jogador mais experiente na cola do craque argentino, vimos uma ótima troca do idolo gremista!
Viçosa adotou uma postura bem diferente de André Lima, e interessante, com muito mais velocidade, deu muita assistencia a Gabriel, ótima alternativa!
Pra mim, Adilson deve voltar ao time, ocupando a segunda posição de volante, acho ele melhor lá. Roca é mais lento, trava bem aquele setor, e tem uma boa habilidade pra recolocar a bola. Adilson é mais técnico, teria mais liberdade na segunda posição.
Lúcio faz um bom trabalho, mas para ano que vem, se continuarmos com a tática, precisamos de um meia solto de ofício, Souza nos tempos áureos faria bem isso, mas infelizmente ele ultimamente vem estando longe do jogador que é.